O que faz um profissional de arquitetura?

Você certamente sabe que um profissional de arquitetura é aquele responsável por transformar e criar espaços através de desenhos e projetos. O que talvez você não deva saber, é que além desses atributos, esses profissionais também podem estar aptos a atuar em diversas outras frentes; desde a avaliação de imóveis até o planejamento completo de um novo bairro ou cidade.

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Contexto histórico

No Brasil, a primeira regulação para o exercício da profissão de arquiteto se deu através do Decreto nº 23.569, de 1933, que em 1966 passou a vigorar como lei; Nº 5.194. Desde então e até o ano de 2010, arquitetos dividiam com engenheiros e agrônomos a possibilidade de exercer as mesmas atribuições profissionais, cabendo às escolas de engenharia, arquitetura e agronomia indicar ao conselho federal, em função dos títulos apreciados através da formação profissional, em termos genéricos, as características dos profissionais por elas diplomados.

Já em 2010, a criação da Lei Federal nº 12.378 passou a regulamentar o exercício da Arquitetura e Urbanismo. Além disso, por essa mesma lei, foi criado o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), retirando assim os profissionais de arquitetura do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). Foram então listadas e atribuídas as atividades profissionais que arquitetos estariam aptos a exercer.

Ainda que definidas todas as atribuições, havia por parte dos arquitetos e do CAU a necessidade de se listar as atividades que por formação e currículo seriam de caráter exclusivo da classe. Assim, em 2013, através da criação da resolução 51 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, definiu-se as áreas de atuação privativas dos arquitetos e as áreas de atuação compartilhadas com outras profissões regulamentadas. Nesse contexto, por exemplo, a execução de projeto arquitetônico passou a ser, de acordo com essa resolução uma atribuição exclusiva dos profissionais de arquitetura.

Habilitação profissional

O exercício profissional de arquitetura está amparado pela Resolução Nº 6 de 2 de fevereiro de 2006 do Ministério da Educação, que institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo e assim define: Profissionais de arquitetura são generalistas, capazes de compreender e traduzir as necessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidade, com relação à concepção, à organização e à construção do espaço interior e exterior, abrangendo o urbanismo, a edificação, o paisagismo, bem como a conservação e a valorização do patrimônio construído, a proteção do equilíbrio do ambiente natural e a utilização racional dos recursos disponíveis.

Em outras palavras, tudo que se relaciona à transformação, manutenção ou planejamento dos espaços, sejam eles construídos ou naturais, pode ser tratado como assunto parte do exercício profissional de arquitetos urbanistas. Para se ter uma ideia dessa dimensão, listamos aqui, o Art. 2º da Lei nº 12.378 que trata das atividades e atribuições do arquiteto e urbanista:

Supervisão, coordenação, gestão, orientação técnica, coleta de dados, estudo, planejamento, projeto, especificação, estudo de viabilidade técnica e ambiental, assistência técnica, assessoria, consultoria, direção de obras e de serviço técnico, vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria, arbitragem, desempenho de cargo e função técnica, treinamento, ensino, pesquisa e extensão universitária, desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, padronização, mensuração, controle de qualidade, elaboração de orçamento, produção e divulgação técnica especializada, execução, fiscalização e condução de obra, instalação e serviço técnico. 

E ainda, essas atividades de que trata este artigo aplicam-se aos seguintes campos de atuação no setor:

Da Arquitetura e Urbanismo, concepção e execução de projetos; da Arquitetura de Interiores, concepção e execução de projetos de ambientes; da Arquitetura Paisagística, concepção e execução de projetos para espaços externos, livres e abertos, privados ou públicos, como parques e praças, considerados isoladamente ou em sistemas, dentro de várias escalas, inclusive a territorial; do Patrimônio Histórico Cultural e Artístico, arquitetônico, urbanístico, paisagístico, monumentos, restauro, práticas de projeto e soluções tecnológicas para reutilização, reabilitação, reconstrução, preservação, conservação, restauro e valorização de edificações, conjuntos e cidades; do Planejamento Urbano e Regional, planejamento físico-territorial, planos de intervenção no espaço urbano, metropolitano e regional fundamentados nos sistemas de infraestrutura, saneamento básico e ambiental, sistema viário, sinalização, tráfego e trânsito urbano e rural, acessibilidade, gestão territorial e ambiental, parcelamento do solo, loteamento, desmembramento, remembramento, arruamento, planejamento urbano, plano diretor, traçado de cidades, desenho urbano, sistema viário, tráfego e trânsito urbano e rural, inventário urbano e regional, assentamentos humanos e requalificação em áreas urbanas e rurais; da Topografia, elaboração e interpretação de levantamentos topográficos cadastrais para a realização de projetos de arquitetura, de urbanismo e de paisagismo, foto-interpretação, leitura, interpretação e análise de dados e informações topográficas e sensoriamento remoto; da Tecnologia e resistência dos materiais, dos elementos e produtos de construção, patologias e recuperações; dos sistemas construtivos e estruturais, estruturas, desenvolvimento de estruturas e aplicação tecnológica de estruturas; de instalações e equipamentos referentes à arquitetura e urbanismo; do Conforto Ambiental, técnicas referentes ao estabelecimento de condições climáticas, acústicas, lumínicas e ergonômicas, para a concepção, organização e construção dos espaços; do Meio Ambiente, Estudo e Avaliação dos Impactos Ambientais, Licenciamento Ambiental, Utilização Racional dos Recursos Disponíveis e Desenvolvimento Sustentável. 

O Profissional e o Mercado

Como apontado, existem diversas possibilidades de atuação para o profissional de Arquitetura e Urbanismo. Apesar disso, em 2019 o CAU divulgou uma pesquisa inédita em parceria com o instituto Datafolha entrevistando 1.500 arquitetos e urbanistas e 500 empresas de Arquitetura e Urbanismo, que demonstrava uma concentração de profissionais atuando em três determinadas áreas. Segundo o levantamento, as principais atividades realizadas por arquitetos e urbanistas foram Projetos de Arquitetura (87% atuaram na área nos últimos dois anos), Arquitetura de Interiores (68%) e Execução de Obras (64%). Outras atividades realizadas nos últimos dois anos antes da pesquisa foram Projetos Complementares (49%), Gestão e Consultoria (30%), Paisagismo (28%) e Serviço Público (23%). Nas empresas de Arquitetura e Urbanismo, as atividades mais recorrentes nos últimos dois anos foram Projeto de Arquitetura (89%), Arquitetura de Interiores (71%), Execução de Obras (58%), Gestão e Consultoria (57%), Projetos Complementares (43%) e Paisagismo (30%).

fonte: CAU BR

fonte: CAU BR

Logicamente, a maior parcela dos profissionais ativos estará sempre inserida em áreas que possuem maior demanda no mercado de trabalho. Assim é demonstrado no gráfico acima, com relação a projetos de arquitetura, arquitetura de interiores, construção e execução de obras. Entretanto, em determinadas funções como por exemplo gestão e consultoria, há uma disparidade numérica entre a atuação de profissionais autônomos e empresas. Nesse caso, é importante salientar que essa fatia de mercado também é dividida com outros profissionais, como engenheiros e administradores.

Arquiteto além do projeto

Arquitetos não fazem apenas desenhos. Arquitetos estão e podem estar na linha de frente de incorporações, negócios imobiliários, planejamento, obras, gestão e ensino. O caráter multidisciplinar da profissão parece ser uma tendência, ao passo que o mercado se torna cada vez mais competitivo. O desenvolvimento tecnológico de plataformas de projeto, gestão e automação de processos também vêm contribuindo significativamente para essa mudança de paradigma, mas reforça a necessidade da presença do ser humano onde a inteligência artificial ainda não o substituirá; principalmente a gestão de pessoas.

O projeto arquitetônico é o primeiro passo para a realização de qualquer obra. Portanto, nada melhor que, o autor, também faça a seguir, a gestão dos diversos projetos complementares, do cronograma físico/financeiro, dos outros profissionais envolvidos e também da gestão financeira dos recursos pré-obra.

Arquitetos são profissionais criativos, capazes de entender demandas e transforma-las em projetos. Porém, por sua formação técnica, principalmente através de especializações, também são capazes de assumir outros papeis.


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